O capitão vencedor da final desta quarta-feira entre Cruzeiro e Flamengo vai ter uma dificuldade extra depois da vitória: erguer a taça da Copa do Brasil. A nobre tarefa já foi mais fácil e também mais difícil numa história que começou em 1989. Esta será a quinta vez que o encorpado modelo inspirado no troféu da Liga dos Campeões marca o auge da competição.
Troféus anteriores
Dos nove tipos diferentes de troféu que a Copa do Brasil já teve, quatro se repetiram por alguns anos. Para verificar se a dificuldade presente no modelo atual é histórica, pesquisamos pesos, formatos e medidas de seus antecessores e criamos o “grau de levantabilidade”, uma nota baseada na mera e fria observação, já que nunca fomos capitão de time algum.
A taça atual
Usada desde 2013, ela teve pequenas mudanças, como a base de madeira que passou a ser de metal em 2015, mas a forma é a mesma. “O que dificulta mais não é nem a anatomia da taça, e sim o peso, porque tem que sustentar ela por muito tempo, com pessoas pulando ao seu lado”, lembra o capitão da conquista do Atlético-MG de 2014, Leonardo Silva.
O primeiro a ter a honra foi Léo Moura, em 2013, pelo Flamengo. Antes, no entanto, foi alertado do peso da taça e fez um test-drive (vídeo abaixo). “Em uma hora dessas, você é capaz de levantar até duas dela”, recorda.
Tutorial para levantar a taça
Como levantar troféus é parte do ofício do jogador de futebol, pedimos conselhos ao médico do trabalho e ortopedista Dr. Bruno Fernandes. Segundo ele, as normas reguladoras colocam como 23kg a carga máxima que um trabalhador de 18 a 35 anos pode levantar sem risco de lesão (menores de 18 anos podem erguer até 16kg), além de seguir as regras abaixo.
1.Aproxime-se da taça
Coloque-se próximo ao troféu para que não seja preciso esticar muito os braços. O ideal é que ele fique encostado no tórax.
2.Se posicione corretamente
O eixo vertical central da taça deve coincidir com o do corpo para evitar torções na coluna e deixar o peso igual entre os lados esquerdo e direito.
3.Segure com firmeza
Encontre um lugar onde possa segurar a taça mantendo os pulsos retos. Evite flexão ou extensão exagerada do punho e o desvio lateral da mão.
4.Mantenha a coluna reta
A coluna deve estar firme para suportar o peso da taça. Não curve a coluna para deitar o troféu sobre o corpo e evite esticar ou contrair o pescoço.
5.Use a força dos braços
Junte os braços ao corpo e erga o troféu sem ultrapassar a altura da cabeça. Os membros superiores não devem ficar suspensos por muito tempo.
6.Se a taça estiver no chão
Nunca curve a coluna para retirar pesos do chão. Perto da taça, flexione os joelhos e use a força das pernas para a elevar de uma só vez.
Difícil é lembrar tanta coisa na hora da euforia. Maicon, capitão do Grêmio na conquista da Copa do Brasil de 2016, recorda que na hora “a emoção era tanta que mesmo se tivesse 100 quilos levantaria com o maior prazer”. No futebol, no entanto, alturas e pesos não têm relação alguma com o valor de cada taça. Às vezes, os menores são os que têm mais valor.
Só mesmo quem as levanta pode dizer ser mais preciso a respeito das dificuldades e significados de se chegar num momento como este. Afinal, nada é mais leve do que tirar um peso das costas e gritar “É campeão!”.
CRÉDITOS
Texto e apuração: Fabio Penna
Apuração: Chico Feitosa (Recife)
Diego Guichard (Porto Alegre)
Rafael Araújo (Belo Horizonte)
Design e ilustrações: Cida Calu Valverde
Claudio Assis
Débora de Deus
Enderson Santos
Fabio Penna
Mario Alberto
Mario Leite
Tarso Moura
Vinícius Souza
Modelo fotográfico: Tarso Moura
Desenvolvimento: Carlos Lemos
Filipe Cunha
Agradecimentos: Cammt Clinica Médica
Clube de Regatas Flamengo
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
Sport Club Internacional
Sérgio Santos Rodrigues
Sport Club Corinthians Paulista
Sport Club do Recife
Fontes: Fla Memória – Exposição Permanente
Livro “Nossa sala de troféus” – Cruzeiro
Museu do Grêmio
Museu do Inter